PoCUS - Medicina USP Bauru

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O ultrassom na emergência

A ultrassonografia à beira do leito (POCUS) tem revolucionado a prática médica de emergência, proporcionando diagnósticos rápidos e precisos. Os médicos de emergência foram pioneiros na adoção dessa tecnologia, e organizações especializadas endossaram seu uso desde o início. Desde as recomendações iniciais da American College of Emergency Physicians em 1990, seguidas pela Canadian Association of Emergency Physicians em 1999, a Medicina de Emergência tem liderado o caminho na integração e educação do POCUS.

A criação de diretrizes clínicas e na educação do POCUS ajudam a padronizar práticas e garantir o uso eficaz da tecnologia na prática clínica. Estudos como o da série POCUS Literature Primer têm ajudado a identificar os artigos mais influentes em diversas aplicações do POCUS, incluindo trauma, parada cardíaca e choque. Estudos recentes têm demonstrado o impacto significativo do POCUS na parada cardíaca e no choque. O POCUS pode melhorar a identificação de causas de hipotensão não traumática, reduzir a incerteza diagnóstica e orientar a ressuscitação por exemplo.

 

VANTAGENS DO USO DO ULTRASSOM:

1. Triagem e diagnóstico rápido

O ultrassom tem se mostrado eficaz na triagem de pacientes em situações de emergência, permitindo uma avaliação rápida e precisa. Ele é frequentemente usado para identificar condições como hemorragias internas, pneumotórax, trauma abdominal e até mesmo para auxiliar no diagnóstico precoce de doenças cardíacas agudas, como tamponamento cardíaco e embolia pulmonar.

2. Avaliação no Trauma

Nos casos de trauma, o ultrassom desempenha um papel fundamental na identificação de lesões internas, como hemorragias intra-abdominais e lesões torácicas. Além disso, pode ser utilizado para guiar procedimentos de drenagem de líquido livre na cavidade abdominal ou torácica, ajudando a estabilizar o paciente de forma rápida e eficaz.

3. Avaliação de doenças agudas

Na emergência, o ultrassom é frequentemente utilizado para avaliar condições agudas, como dor abdominal, dor torácica e dificuldade respiratória. Ele permite uma avaliação detalhada dos órgãos internos, como fígado, vesícula biliar, rins e pulmões, auxiliando na identificação rápida de patologias como apendicite, colecistite, pielonefrite e pneumonia.

4. Ultrassom para guiar procedimentos

Além de diagnosticar, o ultrassom também é uma ferramenta valiosa para guiar procedimentos invasivos, como punção venosa central, punção arterial, inserção de cateteres e drenagem de abscessos. Sua capacidade de fornecer uma imagem em tempo real permite uma precisão maior e reduz o risco de complicações.

O protocolo FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma) é uma ferramenta de ultrassonografia à beira do leito desenvolvida para monitorar lesões potencialmente fatais, como rupturas de órgãos sólidos na cavidade abdominal ou tamponamento cardíaco. Ele permite a detecção precoce de líquido livre em várias cavidades, orientando o médico nas condutas a serem adotadas. Embora um resultado positivo indique lesão abdominal grave com alta especificidade, um resultado negativo não exclui lesões graves. A combinação de achados do FAST com parâmetros clínicos auxilia na determinação do volume de líquido e na necessidade de intervenção cirúrgica.

O protocolo não se limita ao atendimento inicial de pacientes politraumatizados, podendo ser útil ao longo do manejo hospitalar. Uma extensão do FAST, chamada eFAST (Extended FAST), oferece uma avaliação mais abrangente, incluindo janelas adicionais no tórax para identificar lesões como hemotórax e pneumotórax. Embora o eFAST possa substituir algumas modalidades diagnósticas, não substitui a avaliação clínica e o raciocínio médico, que devem ser integrados para otimizar os desfechos do paciente.

A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência médica crítica que requer diagnóstico rápido e intervenções eficazes para melhorar as taxas de sobrevivência. O protocolo CASA (Cardiac Arrest Sonographic Assessment) tem se destacado como uma ferramenta valiosa nesse cenário. Este protocolo é projetado para avaliar causas reversíveis da PCR por meio de ultrassonografia, dividido em etapas que se concentram em áreas-chave para diagnóstico e tomada de decisão. 

A avaliação cardíaca visa identificar disfunções reversíveis, enquanto a avaliação pulmonar busca detectar condições que afetam a oxigenação e a avaliação vascular procura identificar causas relacionadas ao sistema vascular. O CASA oferece benefícios como rapidez diagnóstica, facilitação da tomada de decisões e treinamento simplificado para profissionais de saúde, mas também apresenta limitações, como a dependência da experiência do operador e limitações técnicas. Evidências científicas, incluindo revisões sistemáticas, respaldam a eficácia do CASA. Questões éticas relacionadas ao uso do ultrassom na PCR são discutidas, com referência às diretrizes éticas de organizações respeitáveis.

O Protocolo RUSH (Rapid Ultrasound in Shock and Hypotension) tem se tornado uma ferramenta crucial na avaliação de pacientes em estado de choque e hipotensão dada abordagem ágil e eficiente em situações críticas. A execução adequada do protocolo, desde a avaliação das câmaras cardíacas até a exploração de áreas abdominais relevantes, é permite a identificação de fatores de risco e possibilita uma abordagem mais ágil nas situações do choque. As aplicações clínicas do RUSH em casos de trauma, sepse e insuficiência cardíaca aguda são amplamente abordadas, destacando sua relevância em contextos de atendimento de urgência, UTI e até mesmo em enfermarias.

    Este website foi desenvolvido como parte do projeto PUB-USP – Construção e validação de ferramenta online para ensino de ultrassonografia point-of-care na graduação – pelo aluno João Marcos Bonifácio da Silva, sob orientação do Prof. Dr. Marcos Antonio Marton Filho.